35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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São Paulo
6 set a 10 dez
2023
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Vista da obra SHAKEDOWN de Leilah Weinraub durante a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Leilah Weinraub

O tempo no filme SHAKEDOWN (2018) é um habitat, como afirma sua realizadora. Por mais de dez anos, entre 2002 e 2014, Weinraub reuniu um precioso acervo de entrevistas e imagens do clube de strip-tease Shakedown, de e para lésbicas negras, em uma Los Angeles à beira da gentrificação e com violentas incursões policiais. Interrompendo a concepção linear e consecutiva ocidental e suscitando temporalidades e espacialidades que entrelaçam passado, presente e futuro, Weinraub apresenta uma obra-pesquisa de 72 minutos desmontada em mais quatrocentas horas de filmagens, flyers e inúmeras fotografias produzidas quando a artista trabalhava como fotógrafa e videolady do clube que dá título ao longa-metragem. O resultado é um filme-experiência, íntimo, ousado e celebrativo da lesbiandade negra afro-americana. 

Em 2020, SHAKEDOWN se tornou o primeiro filme não pornográfico lançado na plataforma Pornhub. O filme, que remonta em novas sensibilidades, visualidades e temporalidades as histórias de Ronnie-Ron e das Shakedown Angels − Egypt, Ms Mahogany e Jazmyne −, é um documento no qual se entrecruzam várias camadas, como as indagações sobre o que é trabalho? e sua ligação com o indivíduo e com a privacidade, o dinheiro, o poder, o erótico, a excitação, os afetos, as intimidades, as personas performáticas, a ilegalidade, as sexualidades fluidas, as famílias, os conceitos de cinema e de imagem, o tempo e o clube como abrigo e possibilidade de ser. Aos desavisados, SHAKEDOWN poderia ser compreendido apenas como um documentário de resistência da cena underground de Los Angeles, capital e refúgio queer estadunidense, mas Weinraub resiste à ideia de documentário e o define como sendo “sua própria cápsula”, realizado em determinado momento como um espaço para a curiosidade e a fantasia. Além disso, o que Weinraub fez em SHAKEDOWN foi uma obra de arte visceral. 

barbara copque

Leilah Weinraub (Los Angeles, EUA. Vive entre Nova York e Los Angeles) é uma artista-cineasta. Seu trabalho cinematográfico mais notável é o documentário cult SHAKEDOWN, que estreou na Whitney Biennial de 2017 (Nova York, EUA) antes de se tornar o primeiro filme a ser transmitido pelo Pornhub, chegando ao Criterion Channel no verão de 2020. Além de ser cineasta, Weinraub também atuou como cofundadora, diretora criativa e CEO da premiada marca de moda Hood By Air.